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Palavra do Reitor

Valorizar o passado para compreender o presente

Por uma dessas coincidências da vida sobre as quais muitas vezes não temos explicações, deparei-me recentemente com a descoberta do artigo de dom José Medeiros Delgado, intitulado A Cidade Universitária, publicado no Jornal do Maranhão, em 7 de agosto de 1960. A coincidência é o fato de que, em 29 de janeiro de 2012, publiquei, aqui mesmo em O Estado do Maranhão, um texto justamente intitulado Cultura Universitária x Cidade Universitária, no qual tratava do momento auspicioso que vive a Universidade Federal do Maranhão, renovada em seus ideais de bem servir a comunidade na qual está inserida, entendida hoje no conceito real de Cidade Universitária. 

Quando da publicação de meu artigo, discorri sobre o aumento dos cursos de graduação, especialização, mestrados e doutorados; ainda sobre a política atuante de interiorização dos cursos em parceria com o governo do Estado e prefeituras, reconhecendo a vocação de cada região desse nosso grandioso Maranhão; o incremento nas obras físicas no Campus e nos Campi, bem como o crescente número de eventos, parcerias, projetos realizados e, com especial destaque para a 64ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SBPC, que será realizada de 22 a 27 de julho de 2012, em São Luís, como parte da programação dos 400 anos de fundação da cidade, que adotou como tema Ciência e Cultura: Saberes Tradicionais para enfrentar a pobreza. 

Para aqueles que ainda não conhecem a figura emblemática de dom José Medeiros Delgado, trata-se de um homem visionário, apaixonado pelas letras e pelas ciências e que veio para cá em 1951, quando assumiu o Arcebispado e aqui ficou até 1963, quando foi transferido para Fortaleza. Dom Delgado figurou entre os mais importantes intelectuais da época que lutaram para que o Maranhão tivesse sua universidade. Muitos são os seus feitos e seu legado de dedicação e desvelo em prol do conhecimento. Para um reconhecimento ainda maior, informo que estamos trabalhando para resgatar essa história e assim prestar uma justa e merecida homenagem a pessoas que, como ele, abraçaram a causa do conhecimento e sonharam um dia em legar uma universidade às outras gerações. 

Ao ler o artigo de dom Delgado, pude vislumbrar ecos proféticos, principalmente quando ele afirma que “A Cidade Universitária (...) terá de consumir uns 50 anos de trabalho. Alguns Arcebispos passarão pelo Maranhão. Isto a terceira geração, a contar d’agora, virá contemplá-la realizada”. 

Em 2012, passados 52 anos de suas palavras, a profecia alcança seu real cumprimento, pois a Cidade Universitária é hoje uma feliz realidade para milhares de pessoas que um dia entraram por aquelas portas e saíram graduados, mestres, doutores e para aqueles que ainda estão trilhando esse caminho. E isso sem contar com diversas ações empreendidas para a melhoria e engradecimento da sociedade maranhense. 

Dom Delgado, à sua época, também enfrentou diversas dificuldades e oposições, mas preferiu falar de fé e perseverança, numa lição que se sobrepõe a qualquer época ou geração, como ele mesmo destaca: “Para os Bispos, dignos dêste nome, o imediatismo não é a grande fôrça. A História os mede pela perseverança. Nenhum deles vive exclusivamente do presente, crescem alimentados pela esperança. O futuro instala-se dentro de seus corações, comunicando-lhes um poder que os descrentes desconhecerão e os sonhadores apenas vislumbram. É daí que vem a fôrça dos que não possuem armas materiais”. 

Talvez dom Delgado sequer imaginasse como o sonho iria realizar-se ou qual seria sua exata dimensão. Ao falar de Cidade Universitária, apontava para algo que à época poderia ser entendido por um mero devaneio, mas que ele escolhera como missão de vida, sem contudo deixar de se questionar dos espinhos da árdua tarefa: “Quantos adubarão a terra com a ruina de corpos mortais até que tanto se faça? Quais os que morrerão espiritualmente durante a peleja? Quem escolherá imortalizar-se por feitos gloriosos na execução do magnífico projeto? Só Deus saberá responder a tais indagações (...) O filho de Deus deve sonhar inclusive com a Cidade Universitária”. 

Com certeza inspirado pelo mandamento bíblico dos evangelhos que afirma que “Tudo é possível ao que crê”, dom Delgado estimulou gerações de homens e mulheres a atenderam ao chamado de construir a Cidade Universitária. Essa menção a esse episódio é importante, pois valorizar o passado também é uma forma de compreender o presente. O desafio de sonhar algo inovador nunca foi fácil e mais difícil ainda trabalhar na realização desse sonho, mas com determinação e coragem é possível transpor todos os obstáculos. Que a voz profética de dom Delgado nos inspire a continuar na busca da perfeição e que outras gerações não apenas conservem o que já conquistamos, mas trabalhem na evolução dessa conquista.

 

Doutor em Nefrologia, reitor da UFMA, membro do IHGM, ACM e AMC 

Publicado em O Estado do Maranhão em 08/04/2012

 
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