Palavra do Reitor
Em plena segunda-feira de Carnaval no Brasil, 11 de fevereiro, uma notícia que ecoou por todo o mundo surpreendeu não apenas o rebanho católico como também religiosos de todos os timbres: em uma atitude imprevisível e, ao mesmo tempo, corajosa, o Papa Bento XVI tornou público que vai renunciar ao seu pontificado, iniciado em 19 de abril de 2005. Em seu anúncio, registrou que, a partir de 28 de fevereiro, às 20h, a cadeira papal estará vaga, sendo necessária a realização de um conclave para eleição do novo pontífice.
Passado o espanto, verifica-se que a decisão não foi repentina, tampouco inesperada. Em escritos e falas ao longo dos últimos três anos, Bento XVI apontou, para aqueles que o antecederam, pistas que apenas agora vieram a desaguar em seu comunicado no consistório que reuniu cardeais do mundo inteiro.
Há quase 600 anos não ocorria um ato de renúncia ao trono de São Pedro. O último Papa a renunciar, segundo Richard McBrien, autor do livro “Os Papas” (ed. Loyola), foi Gregório XII, em 1415. Foi um ato conciliatório, pois naquele momento a igreja estava em crise com o que ficou conhecido na história como “O grande cisma do ocidente”.
Estranho ato, muitos disseram, mas que se coaduna com esta época em que a velocidade é o substantivo primordial. Ou, como lembra o sociólogo polonês Zigmunt Bauman, vivemos tempos líquidos, em que nada é feito para durar. Mal nos acostumamos com o teólogo Joseph Ratzinger a levar sobre si a missão petrina, deparamo-nos com seu perfil sereno a explicar que este seu radical ato é antecedido de demorada meditação e exame de consciência diante de Deus. Ou seja, a despeito da curta duração de seu papado e das atitudes enérgicas e rápidas que lhe exigem uma disposição hercúlea, a intensidade de sua fé foi seu sustentáculo para que tivesse a paz necessária a fim de tornar predicado o que acalentava em seu coração.
E é justamente pelo imenso respeito para com sua missão que o Papa reconhece que a direção da igreja, nesta época conturbada, exige grande energia intelectual e física, e assim justifica em suas palavras: “(...) vigor este que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado.” Alega ainda que, além de entender a gravidade desta decisão, ela a toma em total liberdade.
Reconhecer limites, quaisquer que sejam, longe de ser um abandono do seu ministério, denota humildade, amor e comprometimento pela causa à qual se dedicou durante os últimos oito anos. Apesar de pouco tempo ministerial, o mandato de Bento XVI pode ser considerado como um dos mais intensos da história, dada a quantidade de desafios que teve que enfrentar. Associe-se a isso seu decantado saber teológico que o levou a escrever, além de muitos textos técnicos na área, três livros sobre a vida de Jesus que foram sucesso de vendas entre o público leigo.
Os desdobramentos da renúncia papal e as especulações que a imprensa fez ao longo da semana servem de cenário também para se destacar a importância do tema adotado pela Igreja Católica para a Campanha da Fraternidade deste ano, aberta na quarta-feira de cinzas, que traz o tema “Fraternidade e Juventude” e o lema “Eis-me aqui, envia-me”. Essa é a segunda vez que a Igreja adota essa temática, pois, em 1992, o tema "Juventude, Caminho Aberto" já havia discutido e refletido sobre a inclusão dos jovens na evangelização.
No momento em que o avanço da idade e a saúde debilitada são componentes do enredo da repentina saída de um Papa, o chamado para servir a Deus – ainda na juventude – foi alvo da fala do Santo Padre em sua segunda aparição pública após a renúncia, quando pediu que os líderes eclesiásticos trabalhassem para a realização da verdadeira renovação da Igreja.
E mais uma coincidência quanto ao tema da juventude deu-se quando da visita de Bento XVI ao Brasil durante a Conferência Episcopal da América Latina e do Caribe, celebrada na cidade de Aparecida, São Paulo. Naquele momento, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil solicitou que a próxima Jornada Mundial da Juventude fosse realizada em nosso país. A de 2011 já estava definida, seria em Madri. Na reunião final deste encontro, o Papa anunciou que o evento seguinte seria realizado em julho de 2013, no Rio de Janeiro. Houve grande alegria na igreja brasileira por esta decisão da Santa Sé. A jornada teve início em 1985 – eis aqui outra grande coincidência – e esse foi o ano internacional da juventude declarado pela ONU.
Os símbolos da jornada foram recebidos no Brasil em 18 de abril de 2012 e, desde então, a cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora – ambos doações feitas por João Paulo II, o idealizador dessa jornada – percorrem o país. Em São Luís, os símbolos desse evento estiveram presentes no período de 27 a 29 de abril de 2012. Um episódio que muito alegra a todos nós que fazemos a Universidade Federal do Maranhão é que parte das atividades da Acolhida foram realizadas nas dependências do campus em São Luís, com grande participação dos estudantes e de jovens oriundos de várias partes do Maranhão.
É do Papa João Paulo II, que antecedeu a Bento XVI, a seguinte frase: “A juventude não é apenas um período de vida (…), mas uma qualidade de alma que se caracteriza precisamente por um idealismo que se abre para o amanhã”.
A despeito da honrosa e lamentada saída de Bento XVI, esta e as próximas gerações nunca devem esquecer que ele foi um homem que dedicou os melhores anos de sua vida para servir à causa de Cristo. Que neste período da Campanha da Fraternidade seu exemplo de amor pelas sagradas escrituras e pelo serviço à igreja sirva de inspiração para todos nós e, em especial, para aqueles que estão ainda nos tenros anos de suas vidas.
Doutor em Nefrologia, reitor da UFMA, membro do IHGM, ACM e AMC
Publicado em O Estado do Maranhão em 17/02/2013
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