Palavra do Reitor
O dia 28 de fevereiro entrou para a história quando exatamente às 20h (16h em Brasília) terminou oficialmente o pontificado do Papa Bento XVI, após 7 anos, 10 meses e 9 dias, no comando da Igreja Católica. A sua renúncia causou aos cristãos católicos as mais diversas reações. Surpresa e fato inesperado foram palavra e expressão evocadas nas análises e reportagens que inundaram os jornais do mundo inteiro. Porém, passadas as primeiras impressões, à luz dos acontecimentos e das manifestações feitas na obra e nas declarações desse sucessor de Pedro, percebe-se que a renúncia era uma posição pessoal e teológica, desde muito cedo, de Joseph Ratzinger.
As alegadas razões – a fragilidade do corpo e o enorme peso da responsabilidade – manifestas em mais de uma ocasião (inclusive no seu discurso de despedida), desde o dia 11 de fevereiro, momento em que ele anunciou sua decisão de renúncia, revelam algo que esquecemos quando olhamos a figura de um Papa: a sua humanidade. Ainda está muito vivo em minha lembrança o sofrimento de João Paulo II, acometido pelo mal de Parkinson que, em suas últimas aparições, longe daquele homem sorridente, carismático, sofria para falar umas poucas palavras. Era difícil não sofrer com ele.
“A humildade é o primeiro degrau para a sabedoria”, já dizia São Tomás de Aquino. Cônscio de seus limites e de suas fraquezas comuns a todos os mortais, Bento XVI deu um passo superior a muitos de nós ao expressar serenidade e desapego, traduzidos em suas palavras quando recorda os momentos difíceis pelos quais passou, mas também os momentos de intensa alegria e, acima de tudo, quando reconhece: “eu me senti como São Pedro com os Apóstolos no barco no lago da Galiléia: o Senhor nos deu muitos dias de sol e de brisa suave, dias de pesca abundante; houve também momentos em que as águas estavam agitadas e o vento contrário, como em toda a história da Igreja, e o Senhor parecia dormir. Mas sempre soube que naquele barco estava o Senhor e sempre soube que o barco da Igreja não é meu, nem é nosso, é dEle”.
Lembrar Pedro e os discípulos na tempestuosa travessia do mar da Galiléia é emblemático deste momento na vida da igreja e deste Papa, mas também poético: a soberania de Deus produz alumbramento humano diante do transcendente e, ao mesmo tempo, nossa alma inquieta, claudicante, fica, às vezes, temerosa por causa do rugir da tempestade e do aparente silêncio de Deus, até que Ele sobe ao barco e cala os ventos, amaina as ondas furiosas.
Pouco mais adiante, em seu discurso, Bento XVI assevera: “Amar a Igreja significa também ter a coragem de fazer escolhas difíceis, sofridas, tendo sempre diante de nós o bem da Igreja e não de nós mesmos”. Assim, no ocaso de seu mandato petrino, o renomado teólogo, o homem de cultura vasta e reconhecido pelas suas habilidades na defesa do corpo de fé da igreja (Ratzinger foi Prefeito da Congregação para Doutrina da Fé por 20 anos) mostra sua face mais humanizada, que por abnegação e altruísmo se afasta por um bem maior.
Nestes tempos pós-modernos – em que há constante tensão entre o efêmero e o eterno, no dizer de Baudelaire –, o mandato de Bento XVI foi marcado por uma igreja fustigada por suas próprias fraquezas, que convive num mundo mais distante da fé, secularizado, muitas vezes alheio à mensagem do Evangelho, e pela oposição e mudança de valores. Não obstante, o Papa do século XXI conviveu com as maravilhas que as novas tecnologias proporcionam (em seu penúltimo tweet, na conta@pontifex, ele escreveu: “Queria que cada um sentisse a alegria de ser cristão, de ser amado por Deus, que entregou o Seu Filho por nós”), demonstrando que é possível servir a Deus e à sua causa de compromisso com o próximo, no respeito à causa pública, no amor e dedicação à família e aos amigos, mesmo no terreno árido da descrença que nos cerca, sem abrir mão dos postulados que as escrituras pregam.
Comungo do pensamento de Bento XVI: “defender certos valores não é inflexibilidade, não é manter a tradição por costume, é manter uma identidade”. Há valores que não se pode negociar sob pena da igreja deixar de ser o que é, também nas palavras de Bento XVI e do Evangelho, a Noiva de Cristo.
Rogo a Deus para que a Igreja, em breve, sob novo pontificado, continue a influenciar as novas gerações no cultivo da tolerância, da misericórdia e da fé, e desejo que a busca dEle seja constante, o que é mais importante na existência humana, pois, como disse sabiamente Santo Agostinho: “a busca de Deus é a busca da felicidade. O encontro com Deus é a própria felicidade”.
Sem dúvida, o breve papado de Bento XVI deixa marcas indeléveis na história da Igreja. Sua clara e firme visão daquilo que ele chama de barco do Senhor servirá de farol, ainda por muitos anos, em meio a um mundo de vertiginosa transformação, nem sempre para melhor. É nesse contexto que a Igreja e cada cristão, no exercício de sua fé, precisarão viver e dialogar. E, quem sabe, no final da vida, cada um possa dizer como São Paulo, o apóstolo: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”. (2 Timóteo 4:7)
Doutor em Nefrologia, reitor da UFMA, membro do IHGM, ACM e AMC
Publicado em O Estado do Maranhão em 03/03/2013
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