Palavra do Reitor
“É preciso não esquecer nada”, alerta Cecília Meireles, em poesia. A Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e a Academia Maranhense de Letras (AML) atendem ao chamado da poetisa para lembrar e dignificar a memória de outro importante Meireles: nosso inesquecível Mário Martins, que, se entre nós estivesse, teria completado 100 anos neste ano de 2015.
E é justamente para homenagear a memória desse homem incomum, apaixonado pela vida, pela leitura, por seus familiares e amigos e, sobretudo, pelo Maranhão, que a UFMA e a AML abrem no dia 22, às 8h, no Auditório Central da Cidade Universitária Dom Delgado, a Semana Mário Meireles 100 anos, com a conferência da professora doutora Regina Helena Martins de Faria, seguida de uma extensa e rica programação que terá seu ápice no dia 24, na AML, às 19h, ocasião em que serão outorgados Títulos de Doutor Honoris Causa a José Maria Martins e a Jomar Moraes, títulos estes que também serão concedidos, ainda que post mortem, ao próprio Mário Meireles, a Domingos Vieira Filho e a dom Delgado.
Quando aludi no início deste artigo que Mário Meireles faria 100 anos caso estivesse ainda nesta terra, o uso do verbo estar foi proposital, pois reconheço que suas realizações e seus gestos de grandeza permitem que ele viva entre nós, sempiterno.
Prossegue a outra Meireles, a Cecília: “É preciso não esquecer de ver a nova borboleta, nem o céu de sempre”. Afinal, reconhecer o novo é tão importante quanto honrar e exaltar nosso passado porque nos dá oportunidade de reconciliação e nos livra das armadilhas vis do esquecimento. Mário é merecedor de tamanha honra, ele que tanto solidificou alicerces que embasaram a profecia de dom Delgado acerca da Cidade Universitária.
Certamente Mário Meireles teria orgulho de ver agora a instituição que ele ajudou a consolidar, pois seu papel em 1953 para a criação do curso de Filosofia de São Luís, ao lado de outros imortais da AML, foi o primeiro passo para uma grande trajetória. O profeta bíblico Zacarias admoesta: “Não desprezem os pequenos começos”. Aquilo que poderia parecer apenas devaneio de um pequeno grupo veio a ser uma inegável realidade: a UFMA está hoje entre as melhores universidades do norte e nordeste e figura muito bem avaliada no ranking das universidades públicas federais.
Volto à Meireles do início do artigo: “É preciso não esquecer nada: […] nem o sorriso para os infelizes, nem a oração de cada instante”. A trajetória de Mário Meireles como intelectual, escritor prolífico, servidor público abnegado, pai de família dedicado e amigo querido demonstra que o que de fato importava ele não esqueceu. “Exeplum esto fidelium” (Sê o exemplo dos fiéis), recomenda São Paulo ao jovem Timóteo, em sincera admoestação, conselho este que creio piamente ter sido adotado por Mário também.
Muito ainda há de ser falado sobre o legado de Mário Meireles durante a programação da Semana comemorativa que inicia amanhã. Convido todos para participarem de tão significativas homenagens, extensivas também a outras expressões singulares de nossa gente e de nossa cultura. Àqueles que atenderem este convite, uma certeza: a experiência inesquecível de mergulhar no universo mariomeireliano.
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