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Palavra do Reitor

Dom Delgado, um homem visionário (II)

No artigo anterior, discorremos brevemente acerca da trajetória de dom José de Medeiros Delgado, focando aspectos de sua infância, seus estudos e os seus primeiros passos no sacerdócio até à sua vinda para o Maranhão, em 1952, quando substituiu Luís da Cunha Madureira, arcebispo interino. 

Foi também em 1952, conforme informa a historiadora Paula Brito, que dom Delgado ocupou o cargo de presidente do Secretariado Nacional da Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que havia sido criado há pouco tempo. No exercício dessa função, destacou-se como um dos maiores propagadores da Ação Social Católica, voltando sua fala sempre em defesa dos menos favorecidos. 

No Maranhão, encontrou um solo fértil para semear a boa semente da educação. Ao chegar aqui, tratou de implantar a Juventude Operária Católica (JOC) e a Juventude Agrária Católica (JAC), movimentos populares que levaram dezenas de pessoas, sobretudo as do interior do estado, a se engajarem na luta pela melhoria da qualidade de vida. 

Conta-nos ainda a historiadora que dom Delgado era um homem profundamente preocupado com as condições de subsistência dos habitantes da zona rural, os quais eram desprovidos de uma vida digna. Sua forma de contribuir para debelar esse mal em nossa terra foi criar também uma rede de cooperativas de produtores e a Cooperativa do Banco Rural; fundar a Rádio Educadora do Maranhão Rural e o Movimento de Educação de Base; promover a Missão Intermunicipal Rural Arquidiocesana, as Semanas Ruralistas; e, além disso, estimular a reabertura do Semanário de Orientação Católica Jornal do Maranhão. 

Por esse trabalho social desenvolvido, ele logo foi procurado pela Academia Maranhense de Letras com o propósito de juntos criarem uma Faculdade de Filosofia, cuja fundação se deu em 15 de agosto de 1952 e o seu funcionamento, em 23 de abril de 1953, mediante decreto assinado pelo então presidente Getúlio Vargas e ministro Simão Filho. 

Quanto a esse processo embrionário da Universidade Federal do Maranhão, é importante mencionarmos uma curta digressão histórica escrita pelo padre João Dias Rezende Filho da Arquidiocese de São Luís para entendermos como tudo se iniciou: “Desde sempre, a Igreja se envolveu nas questões sobre o ensino e a educação no Maranhão. No século XVII, os jesuítas fundam o célebre Colégio de Nossa Senhora da Luz que durante longos anos foi o único estabelecimento de ensino maranhense, afora alguns mestres-escolas e escassas e malogradas iniciativas particulares. Afamados pelo brilhantismo de suas inteligências, cultivo das ciências e fulgor das belas-letras, os padres da Companhia de Jesus ministravam ensino de tal qualidade que podia comparar-se ao que havia de melhor na Europa como as Universidades de Salamanca, Paris e Coimbra”. 

“Com a expulsão dos jesuítas na época pelo todo-poderoso ministro de Dom José I, o Marquês de Pombal, a educação entra em crise. Só em meados do século XIX, após a criação do Seminário Santo Antônio com sua Bibliotheca Catholica, ora pujante e repleta de livros raros e preciosos, ora desfalcada pela incúria dos homens e ação do tempo e dos insetos, é que o ensino volta, aos poucos, a reerguer-se. Em fins do século XIX, Sousândrade pretende fundar uma Universidade em São Luís, a Atlântida, porém seu sonho não vai adiante”, relata o já mencionado autor. 

Sendo assim, após o sonho frustrado de Sousândrade, coube então ao arcebispo dom Adalberto, ao lado de sua missão apostólica, pôr em prática o plano de instituir uma Escola Normal Superior. Essa ideia coincidiu com o anseio daqueles que já trabalhavam pela criação de uma Faculdade de Filosofia, os quais o procuraram e receberam seu apoio. 

Os recursos deixados pela Fundação Paulo Ramos e a boa vontade do arcebispo dom Adalberto foram motivos suficientes para que a Arquidiocese e a Academia Maranhense de Letras estabelecessem um acordo de cavalheiros: a Arquidiocese entraria com o prédio para a nova escola funcionar e o grupo particular, constituído por professores que também faziam parte da Academia, com os recursos da Fundação Paulo Ramos. O arcebispo se prontificou a ajudar inclusive na organização do corpo docente. Mandaria buscar padres com formação filosófica completa. Ressalte-se que, pelo compromisso firmado entre as duas instituições, a organização da nova Faculdade de Filosofia estaria sob a responsabilidade de ambos os grupos. 

Apesar de toda a dinamicidade, dom Adalberto era um homem doente e, por causa do agravamento de seu estado de saúde, viajou para Sergipe, com a esperança de se recuperar na sua terra natal. Em razão desse fato, ele foi substituído interinamente pelo monsenhor Luís da Cunha Madureira e, pouco tempo depois, no dia 24 de maio de 1951, chegou a falecer.

Desse modo, os planos para a nova Faculdade foram suspensos e só retomados com a chegada de dom Delgado, assunto este que detalharemos no próximo artigo. 


 Doutor em Nefrologia, reitor da UFMA, membro do IHGM, da AMM, AMC e AML.

Publicado em O Estado do Maranhão em 14/05/2015

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