Palavra do Reitor
A julgar pelas insistentes reportagens, temos a nítida sensação de que estamos assistindo a um triste filme que nos remete àquele período em que a igreja vivia sob o domínio de Nero ou de Domiciano, imperadores que se destacaram na história como perseguidores dos cristãos. O primeiro era um celerado assassino; o segundo, um homem de rígida moral e religiosidade, a romana. Este último viveu sob o sucesso de seu irmão mais importante, Tito Vespasiano, que teve breve passagem como imperador depois de muitas glórias como general. Diz-se que Domiciano, conhecido como um tirano cruel e paranoico, tolerou razoavelmente outras religiões, desde que estas se submetessem aos deuses e ritos romanos, os quais ele pretendeu reavivar por considerar que essas crenças haviam perdido seu antigo esplendor. Ainda que existam divergências históricas, é corrente afirmar que o livro de Apocalipse (do grego, revelação) foi escrito sob seu reinado, período de intensa e atroz opressão sofrida pela igreja.
O Cristianismo vivencia uma dualidade desde seu nascedouro. Não é somente uma prática de vida para a terra e suas relações mundanas, mas também antevê um porvir e o supõe tão real quanto à existência terrena. Esta postura gera conflitos com o estamento, sejam religiosos, sejam políticos. Já em seus primeiros dias, incialmente nos embates entre Jesus e os doutores da Lei e, logo em seguida, entre seus discípulos, a religião judaica e o mundo, aconteceram confrontos graves. No livro de Atos (capítulo 7), temos o primeiro mártir cristão, Estêvão, morto por lapidação, tão somente por causa de sua fé em Cristo.
Quase todos os apóstolos morreram por causa de sua fé. Por esse mesmo motivo, milhões de outras pessoas depois deles foram seguidas e mortas ao longo da história. No ocidente, lugar onde ainda o cristianismo é maioria, com exceção de alguns períodos infelizes, às vezes provocados pelos próprios cristãos, existe paz e todos podem expressar sua fé e suas particularidades sem serem perseguidos, humilhados ou impedidos. Caso isso ocorra, há ferramentas legais às quais se pode recorrer como proteção. Nos países do oriente, porém, essa questão sempre esteve em aberto. Ao longo do tempo, períodos de relativa calmaria e perseguição feroz aos cristãos têm oscilado.
Esta primeira década do século XXI tem sido marcada por algo inimaginável. A convivência pacífica ou tolerada entre islamitas e cristãos (que são a minoria na região) sofreu brutal revés com os novos grupos jihadistas. Observa-se que brotaram das profundezas da mais abjeta ignorância e da falta de piedade um torpor monstruoso de desumanidade manifesto em sequestros, assassínios, estupros. Cada ato metodicamente pensado com o intuito de eliminar os cristãos e o cristianismo do oriente médio.
As reivindicações político-religiosas de grupos extremistas costumavam ter um enredo célebre, com menos belicosidade, com algum limite quanto ao que é lícito e aceitável, mesmo quando se referia a padrões bem deteriorados de lucidez, uma situação corrente na região que consistia na explosiva mistura entre religião e política. Hoje, atacar qualquer pessoa que eles supõem pensar minimamente diferente e que tem potencial de instilar terror e dor, vale qualquer ação, inclusive enjaular um dos seus e queimá-lo vivo. A lógica de qualquer exigência se perdeu. Os atos parecem apenas atender a desejos sádicos para os quais a decapitação se tornou banal.
Em todo o mundo, fala-se que há 100 milhões de cristãos vivendo sob a espada de Dâmocles, isto é, sob um perigo constante, o que os impede em maior ou menor grau de expressar sua fé. Uma manifestação cristã como a igreja caldeia, de prática litúrgica tão antiga quanto o próprio cristianismo, em que se utiliza o siríaco e o aramaico em seu culto, está praticamente extinta no Iraque, seu berço.
No Egito, durante o breve governo da Irmandade Muçulmana, os cristãos coptas foram perseguidos e sofreram vários atentados. Esta é outra igreja que remonta às primeiras décadas da história cristã. Recentemente, em imagens grotescas que foram divulgadas na internet, 21 destes cristãos, que estavam na Líbia em busca de trabalho, foram sequestrados pelo Estado Islâmico e degolados a sangue frio à beira do Mediterrâneo. A praia ficou vermelha de sangue desses novos mártires.
Algum eco contra esse horrendo fato tem se ouvido, mas percebemos uma grande apatia no mundo ocidental. Talvez isso seja pela enorme sensação de impotência contra grupos que desafiam a tudo e a todos quase sem obstáculos. Sabemos que não há uma solução fácil, mas nada justifica essas atrocidades. Diante disso, o que cabe a nós fazermos? Certamente, não é só clamarmos aos céus, mas também nos mobilizarmos em todas as esferas de nossa influência. Não basta nossa indignação, é preciso que esta, para se legitimar, produza ações concretas em favor dos que sofrem, que, apesar de serem diferentes, são nossos irmãos de fé.
Doutor em Nefrologia, reitor da UFMA, membro do IHGM, da AMM, AMC e AML.
Publicado em O Estado do Maranhão em 08/03/2015
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