Palavra do Reitor
Na semana passada, a Universidade Federal do Maranhão teve a honra de sediar o Seminário Estadual Mais Médicos para o Brasil, Mais Saúde para os Brasileiros com o tema “Impactos e Avanços do Programa mais Médicos no Maranhão”, que se propôs refletir sobre a evolução do programa após dez meses de sua implantação.
O Seminário contou com a presença do secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Hêider Aurélio Pinto, que na ocasião estava representando o ministro da Saúde, Arthur Chioro. De acordo com os dados apresentados pelo Secretário, será investido pelo Ministério da Saúde em todo o Brasil o montante de 15 bilhões de reais até o final deste ano para melhorar a infraestrutura dos serviços de saúde. Deste total, cerca de 7,4 bilhões de reais já estão em execução e 5,5 bilhões de reais são recursos novos, além de dois bilhões de reais para 14 hospitais universitários.
Naquela oportunidade, ressaltei a importância da parceria da UFMA com o governo federal para a execução de projetos na área da saúde e educação, e lembrei ainda o papel fundamental que nossa universidade teve tanto no apoio ao Programa Mais Médicos em sua implantação como na observância ao que diz o Conselho Nacional da Educação em relação às novas diretrizes dos projetos pedagógicos.
O Secretário pontuou que, atualmente, o mencionado programa está presente em quase quatro mil municípios através dos serviços prestados por 14 mil médicos alocados nas unidades básicas, impactando, em menos de um ano, a vida de 49 milhões de brasileiros. No Maranhão, são 651 profissionais atuando em 176 municípios e também num distrito indígena, o que beneficia diretamente 2,2 milhões de pessoas, superando a meta inicial estabelecida.
Os dados apresentados pelo Secretário revelam que em nosso estado houve um crescimento de 54,2% no número de atendimentos de saúde mental realizados nas unidades básicas de saúde. Matéria publicada pelo portal da saúde, à qual faço referência aqui ipsis litteris, indica que “houve um aumento de 47,8%, na quantidade de atendimentos de urgência (passaram de 1.462 para 2.161, no mesmo período), de 22,8% nas consultas de demanda agendada (87.927 para 108.016), de 17,7% no número total de consultas (165.497 para 194.806). Também foi registrado crescimento de 16,6% nas consultas de cuidado continuado, que passou de 33.367 atendimentos em janeiro de 2013, para 38.919 em janeiro deste ano e redução de 29,9% no encaminhamento a hospitais (passando de 1.825 em 2013 para 1.279 em 2014)”.
Todos esses números mostram que não foi em vão nossa luta e nem o esforço do Governo Federal em implantar o programa, mesmo em meio a diversas críticas e resistências. Posicionei-me desde o início a favor daqueles que o defenderam e cheguei a me manifestar na Câmara Federal em nome da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior – ANDIFES, entidade que hoje congrega 63 universidades federais de nosso país, deixando claro que para nós a iniciativa tinha (e tem ainda) como grande mérito o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, que se propõe levar a saúde às pessoas mais carentes e necessitadas, as quais estão à margem da nossa sociedade.
Além disso, focamo-nos na importância da formação e na qualificação de novos médicos e de outros profissionais da área da saúde em sintonia com a realidade na qual serão inseridos, com a agregação de tecnologias, com a oferta de uma residência médica que conte desde o princípio com professores doutores, e no investimento maciço em ensino, pesquisa e extensão.
A população brasileira tem sinalizado de forma inequívoca que anseia por políticas que atendam necessidades vitais e, assim, colaborem para o bem-estar da sociedade brasileira, basta lembrarmos o movimento cívico que tomou conta do país por meio das manifestações de junho do ano passado. O Programa Mais Médicos representou muito bem toda essa aspiração, quando se registrou – mediante pesquisas como, por exemplo, a da CNT/MDA – que 84,3% da população aprovam o programa.
O Maranhão já não está mais no patamar dos piores estados da federação em distribuição de médicos. Temos novos cursos de Medicina nos interiores e queremos que haja uma ampliação do programa, com investimentos na área de saneamento básico e com a participação inclusiva de outros Ministérios como, por exemplo, o do Turismo para que se possa agregar emprego e renda a esses locais.
Sou solidário – como sempre fui – ao fortalecimento e à valorização da classe médica, e acredito que isso passa por uma série de fatores que está em discussão, a exemplo da criação de uma carreira de estado para os profissionais. O Programa Mais Médicos é hoje uma realidade que começamos a vivenciar. Isto nos remete ao provérbio português que expressa “contra fatos não há argumentos”. Sendo assim, posso afirmar convictamente que esse programa é o passo inicial na revolução da saúde que todos nós almejamos.
Doutor em Nefrologia, reitor da UFMA, membro do IHGM, da AMM, AMC e AML.
Publicado em O Estado do Maranhão em 06/07/2014
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