Palavra do Reitor
Uma das questões mais delicadas, dentre muitas que permeiam a teologia cristã, é o dogma do pecado original. Ao longo dos séculos não foram poucos os debates contra e a favor dessa ideia, que foi abordada pelas mentes mais argutas, entre as quais destaco: Santo Agostinho, São Tomaz de Aquino, Orígenes e, naturalmente, muitos dos santos Papas que sobre esse tema se debruçaram.
Sobre esse assunto tão instigante, o professor Felipe Aquino escreveu um livro (O Pecado Original, 2013), que tive a oportunidade de ler recentemente. É esclarecedor e muitíssimo didático, com uma verdadeira biblioteca de referências bíblicas dos pensadores mais importantes, dos Papas – em destaque, os dois últimos, João Paulo II e Bento XVI – e também dos membros do Magistério da Igreja. A tão farta lista de referências, alerta o autor no prefácio de seu livro, tem propósito claro: fornecer o maior número de informações consideradas autorizadas sobre o assunto.
Nos meios acadêmicos, em particular, o dogma é tido como algo estranho e que não responde às grandes questões humanas. É evidente que o relato bíblico de Gênesis, conhecido como “A Queda”, não se imiscui cientificamente nos dramas humanos como as ciências sociais os percebem – mesmo que o relato bíblico diga expressamente que a desordem do mundo não seja simplesmente resultante de forças socioculturais, mas fruto da Queda (p. 52) –, posto que o relato do Éden tem caráter totalmente diverso. Isto sim explica a condição humana do ponto de vista divino, realidade que a igreja e sua comunidade de fé entendem como a razão por que o homem se distanciou de seu Criador.
Entendo que o substantivo dogma é a primeira dificuldade aos que contestam a verdade sobre o pecado original, como assim o definiu Santo Agostinho (p. 66). Vive-se um tempo de verdades concorrentes, plurais e únicas, todas igualmente reivindicando o status de singularidade. Diante de tamanha balbúrdia, a saída é declarar que todas são válidas, o que sugere uma incoerência e uma lógica fragmentária incapaz de se sustentar.
Para os fiéis, dogma é uma verdade absoluta, a base na qual se sustenta o edifício da fé. Se não admite contestação não é por arrogância ou incapacidade de dialogar, mas porque sobre ele paira o sopro do divino. Noutras palavras, é daquela maneira que Deus revela um fato em sua Palavra Sagrada e a Igreja o traduz e o explica.
Aquino ensina que a condição do homem é o que o Concílio de Trento chama de “morte da alma”, que dá à criatura uma tendência contínua para o mal e para a morte, e o estado se torna incompreensível sem que se entenda que de Adão todos os homens herdaram essa condição. Ora, se tal é a situação, pressupõe-se que houve um antes, um momento no qual este homem esteve em estado de inocência e pureza. Assim registra o Gênesis, e o Catecismo da Igreja assegura: “O homem estava intacto e ordenado em todo o seu ser”. O primeiro livro afirma ainda que este homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. A encíclica Gaudium et spes (Alegria e Esperança) traz em seu conteúdo que o homem é “a única criatura que Deus quis por si mesma”.
Posto isso, é lógico se perguntar por que Deus permitiu que algo perfeito sofresse destruição. Talvez não tenhamos uma resposta definitiva, mas, como cita Aquino, a despeito de seu aspecto sombrio, a Queda trouxe à luz a expressão suprema do amor de Deus que o apóstolo São Paulo manifesta por meio destas palavras: “onde abundou o pecado, aí superabundou a graça” (Rm 5.20).
A desobediência tornou o homem soberbo, enfatiza Aquino ao citar Santo Agostinho em Cidade de Deus. A fé cristã, afirma o autor, coloca o homem diante de sua própria responsabilidade, não foge dela. O que isso quer dizer? Que todos os homens são responsáveis por suas escolhas, sejam elas boas ou más. Ainda que, neste caso, haja a participação importante de um personagem igualmente contestado e até mesmo transformado em objeto de escárnio e riso, o diabo – que denota ser o contrário e o opositor dos desígnios divinos. Sobre este personagem, o Catecismo é categórico: “O Mal não é uma abstração, mas designa uma pessoa (...)”. Essa concepção é ratificada nas palavras do Evangelista São João: “Homicida desde o princípio, mentiroso e pai da mentira” (Jo 8.44).
De qualquer modo, a participação na Queda daquele a quem João no livro do Apocalipse chama de “sedutor de toda a terra habitada” não retira a escolha humana. Portanto, se houve uma sugestão para transgredir a ordenança divina, houve a decisão de realizá-la e, neste quesito, ninguém poderia fazê-lo, exceto o homem.
Afastado de Deus, enfraquecido, mas não destruído, Aquino informa o que o Catecismo ensina que a natureza humana (boa e pura) diminuída em suas forças, em virtude do pecado original, tornou-se submetida à ignorância (acerca de Deus), ao sofrimento e à dominação da morte, e inclinada ao pecado. Inclinação que, segundo São Tiago, é chamada de concupiscência. Esta, por sua vez, concebe o pecado e este, depois de vir à luz e de ser consumado, gera a morte. (Tg 1.15).
A grande notícia é que, desde a fundação do mundo, o Onisciente tinha um plano salvador. Dessa forma, é coerente lembrar as palavras de Aquino quando faz referência à “Missa do Natal”: “Gerado antes dos séculos (Jesus), entrou na história da humanidade para erguer o mundo decaído. Restaurando a integridade do universo, introduziu no reino dos céus o homem redimido”.
Solenidade de Professor Emérito 30.10.2020
Discurso realizado durante a Colação de Grau de alunos do Câmpus de Chapadinha, no dia 22 de maio
Solenidade de Transmissão de Cargo Gestão (2019-2023)
VIII Encontro de História da Educação
Colação de Grau Campus Grajaú 2014.2
Discurso das Universitárias/2014
Discurso em comemoração aos 160 anos da Associação Comercial do Maranhão
Discurso da entrega do Título de Doutor Honoris Causa à professora Denice Barbara Catani
Discurso da Abertura do VII Encontro Maranhense de História da Educação
Discurso proferido por ocasião da outorga do título de Doutor Honoris Causa a Ignácio Rangel
O HUUFMA é e continuará sendo um hospital público”, afirma Natalino Salgado
Casa do Estudante será entregue no segundo semestre de 2014, afirma reitor da UFMA
Discurso em Pinheiro: Título de Cidadão Pinheirense
Discurso de Posse na Academia Maranhense de Letras
Uma viagem pela bela história do curso de Turismo da UFMA
Discurso de Abertura da 64ª SBPC
Discurso em Pindaré Mirim: Título de cidadão pindareense
9º Congresso Internacional de Nefrologia
Acordes para o tratamento renal
Quando tudo isso vai terminar?
Homenagem do reitor Natalino Salgado ao acadêmico da AML Sálvio Dino
Por uma nova versão da história
E se deixasse de haver ciência?
Homenagem do reitor Natalino Salgado ao acadêmico da AML Milson Coutinho
Homenagem do Reitor Natalino Salgado ao acadêmico da AML Waldemiro Viana
Tempos pandêmicos para secretas lições
Moby Dick, para uma macroscopia do coronavírus
Saúde e educação nas entranhas da cidade
Medicina e Literatura: mais que a vida
Os vírus, as pandemias e as alterações históricas
O vírus, o próprio homem, o racismo e outros inimigos
O cenário das pragas na vida e na literatura
E as lanternas continuam acesas
O gigante aliado no combate ao mal
Doença renal: a prevenção começa na infância (II)
O (velho) novo problema da corrupção
Luzes para Domingos Vieira Filho
Novos cenários para a inovação tecnológica
Uma homenagem a Bacelar Portela
Um poeta, um estadista e um sacerdote
Dom Delgado, um homem visionário (IV)
Dom Delgado, um homem visionário (III)
Dom Delgado, um homem visionário (II)
Dom Delgado, um homem visionário (I)
Páscoa: vida nova a serviço do próximo
A Baixada Maranhense e a sua vocação para a grandeza
Um clamor pelos novos mártires
Novos caminhos para a educação
Ensino para além do tempo e da distância
Arqueologia, mais uma área de conquista da UFMA
O papel protagonista da Associação Comercial do Maranhão
Festival Guarnicê de Cinema: a magia sobrevive (III)
Festival Guarnicê de Cinema: a magia sobrevive (II)
Festival Guarnicê de Cinema: a magia sobrevive
A justiça mais próxima do cidadão
Ubiratan Teixeira: múltiplos em um só
O legado de fé dos santos juninos
Sisu: democratização no acesso ao Ensino Superior
Espaço de celebração e valorização da cultura
Considerações sobre pecado e redenção
Páscoa, libelo em favor da liberdade
Anchieta, história de fé e amor pela educação
Um código de conduta para a rede
Extensão universitária: de braços abertos para a comunidade
Cuidar dos rins é viver melhor
Os (des) caminhos da violência
Pinheiro e Imperatriz, novo celeiro de médicos
A luz que vem da fé (considerações acerca da Epístola do Papa Francisco)
Conhecimento que desconhece fronteiras
Novos passos rumo à melhoria do ensino
Confissões antigas sobre o Maranhão
Oportunidades e melhorias no cenário da saúde
A ética como aliada da ciência
Voto e democracia, simbiose perfeita
Um desafio para o sistema educacional
Pausa para equilíbrio e reflexão
Um presente à altura de São Luís
Educação que liberta e transforma
Quando prevenir, de fato, é melhor que remediar
Interiorização: caminho para a emancipação
Quando o meio é a própria mensagem
Mais que um homem: uma lenda (parte II)
De poesia e de arte também se vive
Uma reivindicação justa e necessária
Vitória, fruto da perseverança
Alfabetização, primeiro passo para o desenvolvimento
Exemplo de abnegação e altruísmo
UFMA: um ano de grandes realizações
Natal, tempo de paz e boa vontade
Ensino a distância revoluciona a educação no mundo
Turismo e Hotelaria no contexto das cidades criativas
São Luís: as homenagens continuam
Energia limpa: caminho para o desenvolvimento
Investir em esporte para gerar campeões
SBPC 2012: cenário de múltiplas possibilidades
O federalismo sob ótica global
Histórias coincidentes de lutas e conquistas
Cultura Universitária x Cidade Universitária
Diversidade local como solução global
Corpus Christi: tempo de recordar para valorizar
Valorizar o passado para compreender o presente
Compartilhar saberes, legar conhecimento