#SINFRADEBATE: Racismo Estrutural, como combater? Universidade Federal do Maranhão - UFMA
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#SINFRADEBATE: Racismo Estrutural, como combater?

Publicado em: 04/06/2020

O QUE É?

Racismo estrutural é o termo usado para reforçar o fato de que há sociedades estruturadas com base na discriminação que privilegia algumas raças em detrimento das outras. No Brasil, nos outros países americanos e nos europeus, essa distinção favorece os brancos e desfavorece negros e indígenas.

Racismo é algo maior do que discriminação ou preconceito. Diz respeito a formas nem sempre conscientes e também coletivas de desfavorecer negros e indígenas e privilegiar os brancos.

A filósofa e escritora Djamila Ribeiro define assim o comportamento do brasileiro em relação ao racismo: todo mundo sabe que existe, mas ninguém acha que é racista. Segue um trecho da entrevista para BBC NEWS

Djamilla - "É importantíssimo a gente refletir, parar de naturalizar aqui no Brasil esses assassinatos de jovens negros no Brasil — a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil. E o quanto a gente precisa pensar esses desafios aqui dentro do nosso país, sobretudo num momento de muita repressão aos movimentos sociais, num momento de corte de políticas públicas para populações negras.

Acho extremamente importante o que acontece nos Estados Unidos, mas chamo atenção para que as pessoas tenham mais consciência sobre o que se passa aqui no Brasil, na nossa realidade, que as pessoas negras historicamente vêm denunciando mas que infelizmente as pessoas parece que não enxergam quão grave é esse problema ético que temos no país, de assassinato de pessoas negras." 

É um problema evidenciado por números. No Brasil, pessoas negras são mortas com mais frequência que pessoas não negras: os negros representam 75% das vítimas de homicídio, segundo o Atlas da Violência de 2019. São maioria, também, em meio à camada mais pobre da população: dos 10% de brasileiros mais pobres, 75% são negros, segundo o IBGE.

Em sociedades como a brasileira, o racismo determina a forma como pensamos. Assim, a cor da pele significa muito mais do que um traço da aparência. Ela é associada a capacidades intelectuais, sexuais e físicas. É como se ser negro estivesse associado a qualidades físicas apenas (a dança, os esportes, o trabalho pesado), e não intelectuais. E esse problema vai muito além dessas imagens silenciosas. É ele que está por trás de fatos dramáticos como o retrato registrado em 2017 pelo Infopen (Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias). Segundo o documento, dois terços de toda a população carcerária do país é negra.

O QUE, ENTÃO, PRECISA SER FEITO PARA COMBATER O RACISMO DE FATO?

Primeiro de tudo, é urgente que pessoas brancas reflitam, identifiquem e reconheçam seus privilégios. Não é uma tarefa fácil. Um bom começo é olhar para a própria história e perceber em que situações um branco levou a melhor. Alguns exemplos:

Durante a disputa por uma vaga de emprego em que as duas pessoas tinham qualificações muito semelhantes, mas o negro foi dispensado.

Em um momento de lazer como um jantar em um restaurante em que pessoas brancas são servidas pelas negras.
Baixar o crivo de seleção das empresas quando solicita pessoas fluentes em diferentes idiomas como, inglês, espanhol, francês, mandarim etc, tendo em vista que a população negra não recebe as mesmas oportunidades de estudos que pessoas brancas. A solução seria contratá-los e oferecer este tipo de capacitação e estudo.

Apoiar pessoas negras que estão no mercado de trabalho, empresários, artistas, designers, salões entre outras áreas.
Uma outra atitude é deixar de usar palavras e termos que tiveram origem na discriminação entre brancos e negros: "mulato", "dia de branco", "a coisa está preta”, “criado mudo”, “ovelha negra”, “moreninha”, “escurinha”, “cabelo ruim”, entre outras. Por mais que, conscientemente, elas sejam usadas sem uma intenção racista, o fato de ainda estarem em uso mostra o quanto o problema está arraigado em nossos costumes.

Ao mesmo tempo é necessário deixar de procurar os negros exclusivamente para tratar de assuntos raciais e cobrar aula. É verdade que, ainda hoje, pessoas negras em postos de destaque são minoria, mas há, sim, bons médicos, advogados, escritores, físicos, engenheiros e intelectuais negros. Eles precisam ser lembrados.

Como se vê, existem medidas para serem tomadas em todas as escalas da sociedade: desde essas atitudes cotidianas, até políticas públicas que ampliem a presença de negros e indígenas em todas as esferas da sociedade. A lei de cotas é um bom exemplo disso. Por fim, respeite, se eduque, descontrua e reconstrua, se souber de alguma situação de descriminação, não fique em silêncio e denuncie!

OBSERVAÇÃO

Lembre-se, de nada servirá levantar bandeira dos movimentos se não demonstrar nos seus atos diários a evolução.


Última alteração em: 19/10/2020 15:49

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