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Conhecendo Grajaú através de uma perspectiva histórica e geográfica: Novas metodologias educacionais - Campus Grajaú

O presente subprojeto apresenta como foco central atuar na formação de professores da área de Ciências Humanas com formação específica em Geografia, a partir da inserção e atuação de alunos de licenciatura no contexto da educação básica, mais precisamente nas séries finais do ensino fundamental, da rede pública de ensino, o que oportuniza para esse futuro professor desenvolver competências e habilidades sobre a natureza e prática pedagógica, contribuindo para o seu desenvolvimento profissional. 

Para a execução deste trabalho foram selecionadas três Escolas Municipais: José Rodrigues da Costa, Professora Maria Eliza Cunha, e Prof. Hilton Nunes. A escolha foi motivada pelo baixo IDEB apresentado pelas mesmas nos anos anteriores, posteriormente a necessidade confirmou-se em visita a estas escolas. Tendo em vista o número de escolas participantes e o total de bolsistas de iniciação à docência torna-se viável a distribuição dos universitários em três grupos de dez alunos, atuando assim de forma igualitária em cada uma das escolas citadas anteriormente.

 Este subprojeto se constrói em uma perspectiva interdisciplinar, já que se direciona ao curso de Licenciatura em Ciências Humanas, que articula as seguintes áreas do conhecimento: Sociologia, Geografia, História, Filosofia e Fundamentos Educacionais. Assim, contará com a orientação de professores do quadro das novas Licenciaturas da Universidade Federal do Maranhão que compõem o Curso de Licenciatura em Ciências Humanas do campus de Grajaú com habilitação específica em Geografia. 

  A proposta pretende rever as metodologias de ensino e ações pedagógicas conteúdistas e desarticuladas dos acontecimentos, processos e contradições locais, fundamenta-se na idéia de que a aprendizagem é mais efetiva quando articulada à experiência, especialmente a experiência problematizada.

 Concordamos então com Moreira e Caleffe (2008, p. 13) ao colocar que a “experiência é a base para a aprendizagem e esta não acontece sem a reflexão, essencial ao processo e integralmente ligada à ação. A prática reflexiva, então, integra dialogicamente teoria e prática, pensamento e ação”. 

Concebemos que aprender é algo natural e que estudar requer organizar esse aprendizado, a partir da articulação sistemática de conteúdos. Esses podem ser captados das mais diferentes fontes, em informações presentes em livros, experiências cotidianas, explanação do professor e/ou mesmo em atividades planejadas em espaços ricos em possibilidade de desenvolver as competências e habilidades dos indivíduos, através de trabalhos de campos sobre determinadas temáticas. Assim, entendemos que todos os elementos que compõem a escola são importantes, este contexto vai desde o quadro de giz até o espaço vivido fora e dentro da dinâmica escolar.  

Assim, a partir do lugar em que a escola está inserida pretendemos desenvolver novas metodologias de ensino e ações pedagógicas, de modo que a história e os aspectos geográficos de Grajaú sirvam de guia para o trabalho a ser desenvolvido.  O lugar é tido, pelas correntes humanísticas como um produto da experiência humana. Leite (1998) cita diferentes pensadores partidários dessa visão, com os quais concordamos: para Relph (1979) “[...] lugar significa muito mais que o sentido geográfico de localização. Não se refere a objetos e atributos das localizações, mas a tipos de experiência e envolvimento com o mundo, a necessidade de raízes e segurança,” ou ainda, segundo Tuan (1975) lugar é um centro de significado construído pela experiência.   Lugar é também entendido como “o somatório das dimensões simbólicas, emocionais, culturais, políticas e biológicas” como afirma Buttimer (1985, p.228).  

Nessa perspectiva partimos de um estudo focado em conhecer a história e a geografia de Grajaú, já que o município se caracteriza por possuir uma riqueza histórica, cultural, natural e social bastante significativa, destacando-se como um importante mobilizador de conteúdos.

 Sobre as questões históricas da região, destacamos que o devassamento do território do Grajaú data de meados do século XVIII, tendo procedido do vale do Parnaíba as correntes de povoamento que vinham comerciar com os índios Pebgés, Timbiras  e também de foragidos por perseguições políticas. A evolução social processou-se lentamente, apenas se consolidando ao iniciar do século XIX (AMORIM, 2008).  O município de Grajaú ainda apresenta uma densa população indígena, distribuídos em todo território, com aldeias próximas e distantes a cidade. Duas etnias são encontradas no seu espaço geográfico: Guajajara ou Tenetehara, povos do tronco Tupi e os Canela Apanyekrá, povos do tronco Jê. Devido à proximidade, as relações interétnicas neste município se dão de forma tensa, com registros históricos de conflitos. 

Outro elemento peculiar e instigador de conflitos é o fato da BR 226, que dá acesso a cidade de Grajaú, sentido Barra do Corda a Grajaú,  cortar a Terra indígena Canabrava, do povo Guajajara, ao meio. Constantemente assistimos ao bloqueio da BR, pelos Guajajara, como forma de sensibilização e elemento de barganha com o governo. O que favorece o aumento do ódio interétnico.  

Geograficamente está localizado no centro-sul maranhense, próximo aos municípios de Barra do Corda, Porto Franco, Imperatriz e Carolina. E se caracteriza por ser um dos municípios maranhenses que compõem a Amazônia legal. 

Em relação à hidrografia, é banhado pelas bacias dos rios Mearim e Grajaú, sendo que o Alpercatas e Pindaré, no início de seus cursos, passam pelo município. O clima em geral é seco. As matas ocupam quase um terço do território municipal, sendo mais densa, ao norte, onde está localizada a maior parte da lavoura. O sul é ocupado por campinas entrecostadas e de pequenas matas, onde estão localizadas as maiores fazendas de gado. O território grajauense tem serras da maior importância: Negro, cinta, Croeira, São Braz, Imburana que não obedecem a nenhum sistema erográfico, estando distribuída aqui e acolá em pontos diferentes do município com a altitude máxima de 400 metros (AMORIM, 2008).

Ainda segundo Amorim (2008) “a flora grajauense é abundante e variada em madeira de construção naval e mobiliário. Possui muitas árvores frutíferas, plantas medicinais;  animais silvestres de pluma e seus rios são muito psicosos.”

A economia gira em torno da extração mineral, produção vegetal e agropecuária. Em se tratando da extração mineral, destaca-se o gesso, que existe em abundância em terrenos da margem direita do rio Grajaú, transformando a localidade no segundo exportador de gesso do Brasil. A produção vegetal é bastante aproveitada, os seguintes extrativos são registrados: aroeira, pau d’ arco, cedro, lenha, carvão vegetal, babaçu, borracha de mangabeira, algodão. Há ainda um aspecto que merece relevância, que a produção de carvão vegetal através da plantação de eucaliptos e consequentemente a presença de carvoarias, o que provoca danos ao ecossistema  e ainda exploração do trabalho humano. Existe também a produção da soja, que vem transformando o espaço agrário nos últimos anos. Isso se dá através da substituição da lavoura de subsistência, destruição do cerrado e expropriação do pequeno agricultor. Destaca-se ainda, a produção  de uva e arroz.

 Tais riquezas tornam o município de Grajaú vítima de grandes impactos ambientais e um pólo atrativo de migrantes vindos do sul do país interessados na exploração de tais recursos. De modo que as riquezas produzidas não são investidas em seu território, pois são produtos de exportação. Resultando em grandes contradições socioespaciais. 

A maior parte da população sobrevive do comércio, que se desenvolve de modo precário, e de empregos no setor público. Outra fonte de recurso que vem surgindo recentemente está atrelada ao setor imobiliário, através da venda de lotes planejados. Fator de extrema importância é a instalação de duas universidades públicas que atrai estudantes de diferentes lugares o que favorece a especulação imobiliária. 

Neste contexto, entendemos que a partir da transmissão de conhecimentos podemos promover a modificação da realidade local. Assim, vemos que a escola deve ampliar a sua função de ensinar e se investir cada vez mais do poder de transformação individual e social. O processo de construção e transmissão do conhecimento tanto alimenta a cultura da escola, como a da região em que se insere e, projeta-se na sociedade que se vive. 

Essa breve descrição sobre o município de Grajaú visa demonstrar como a especificidade local apresenta uma riqueza de elementos que podem ser mobilizados para trabalhar conteúdos das disciplinas de geografia e história, levando para debates e análises globais e que podem ser guiados por um viés sociológico e filosófico. 

Sendo assim, a partir das características locais os seguintes temas podem ser trabalhados: 

Organização social complexa: agricultura, cidade e comércio. Relação homem natureza e paisagem natural: Relevo e suas modificações; Hidrografia: os rios, aproveitamento do rio, poluição dos rios; Clima e Vegetação: desmatamento, queimadas, aquecimento global. Impactos ambientais e suas conseqüências Contatos interétnicos. Indígenas no maranhão. Capitalismo e desigualdade social. Globalização. Frente pastoril, frentes de ocupação do centro-sul maranhense. Entrada e bandeiras. Correntes migratórias. História oral. A produção de soja no Maranhão: crescimento econômico, expropriação humana e destruição do cerrado. Pecuária. Extrativismo vegetal e mineral. Comércio. Transporte. Meios de comunicação. Populações tradicionais: identidade quilombola, do povo do cerrado e seus saberes (sertanejos).

Entretanto, esses temas representam uma sugestão prévia, pois pretendemos construir os temas e as abordagens em parceria com os professores das escolas selecionadas.


COORDENADORES DE ÁREA:

Prof. Me. Francisco Vale Lima

Prof. Me. Luciano Rocha da Penha

 

SUPERVISOR

ESCOLA

QTDE. DE BOLSISTAS

QTDE. DE ALUNOS ATENDIDOS

Izeth Nascimento Barros

E.M. José Rodrigues da Costa

09

210

Josefa Maria Gomes

Em. Profa. Maria Eliza Cunha Lima

10

75

Valdeci Teles da Silva

E.M. Professor Hilton Nunes

09

60

 

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