UFMA

SÃO LUÍS - Quem não se lembra de ter lido ao menos uma história da Mônica quando criança? Aquela menina baixinha, gorducha e dentuça que sempre andava com seu vestido vermelho e o seu coelhinho de pelúcia chamado Sansão. Ou, do Zé Carioca? Aquele papagaio criado pelo Walt Disney, mas com inspirações brasileiras que se vestia como um típico malandro do bairro da Lapa no Rio de Janeiro com seu chapéu, terno, gravata-borboleta e sapato perfeitamente engraxado. O fato é que muito mais que uma forma de se expressar, os quadrinhos fazem parte da história de todos nós e no dia 30 de janeiro é comemorado o Dia do Quadrinho Nacional.

A História em Quadrinhos (HQ) se popularizou no Brasil com histórias como a do Menino Maluquinho e Turma da Mônica, entretanto, essa forma de arte surgiu bem antes disso. As primeiras noções das HQs como conhecemos atualmente no país surgiram século XIX, quando começou a circular no ano de 1837 um desenho de autoria de Manuel Araújo Porto–Alegre, entretanto foi o cartunista Ângelo Agostini o precursor das HQs com a sua criação, As aventuras de Nhô Quim (1869) ou Impressões de uma Viagem à Corte, sendo ele também o responsável por inserir os quadrinhos nas publicações jornalísticas.

O processo de criação de uma história em quadrinhos não é simples. Segundo o roteirista em quadrinhos, Bruno Azevêdo, a criação de seus trabalhos é algo “caótico”, pois ele sempre demora muito tempo “matutando” as coisas e alinhavando tudo. “Para escrever uso uma tabela no Word, o que é pouco comum; 'abro' a prancha e descrevo cenas e falas nos quadros mesmo, porque para mim é importante ter domínio na relação de tempo que se estabelece no espaço da página”, afirmou ele, explicando que cada história pede um traço diferente. “No Baratão 66, por exemplo, o traço do Luciano Irrthum era perfeito pela proposta de sujeira do trabalho dele. Em outros livros talvez esse traço não conviesse. Tenho por hábito também estudar o desenhista e compor pensando no tipo de composição que eles usam”, disse.

Bruno Azevêdo observou também que o cenário atual das histórias em quadrinhos está efervescente, “Temos um mercado que cresce e o barateamento de custos de produção fez com que os quadrinistas independentes crescessem bastante. É onde hoje está a coisa mais legal nos quadrinhos brasileiros, pequenas editoras, edições independentes convivendo com gente que trabalha para mercados mundiais. Aqui tem muita gente produzindo, algumas pessoas desenhando para o mercado americano, outros batalhando com gibis em bancas, outros apostando em editais. Gosto de acreditar que tem um povo bom se instigando por aí a fazer gibis”, concluiu.

As histórias em quadrinhos exercem influência em todas as idades e perpassam gerações, exemplo disso é a aluna do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão, Fabiana França, que é fã de histórias em quadrinhos desde criança e que utiliza as HQs como uma forma de se expressar. Ela contou que, por ser filha única e não ter muitos amigos em seu tempo de escola, sua principal companhia eram os quadrinhos. “O primeiro quadrinho que ganhei foi um do Mickey. Quando eu era criança tive vários problemas de saúde. Um dia eu estava no médico com a minha mãe e o meu pai me trouxe quadrinhos e eu os tenho até hoje embalados em sacos plásticos para conservar”, contou a aluna.

A aluna explicou que gosta de quadrinhos voltados para o público adulto, que possui um cunho político e filosófico. Contou que também gosta de desenhar. “A minha paixão pelos quadrinhos também se deveu ao fato de eu desenhar e experimentar traços. Teve uma época da minha vida que eu copiava muito e tentava imitar os traços dos desenhistas. Atualmente, o meu traço ainda não tem uma identidade formada, o que é uma das minhas maiores frustrações, mas eu gosto muito de fazer desenhos que tenham muita sombra e muita luz, não se configurando como desenhos realistas porque estão dentro do universo quadrinista, mas que tende ao realismo”, afirmou.

Fabiana, ressaltou que a adulta que ela é hoje se deve as suas leituras dos HQs que ajudaram a desenvolver o seu lado político, social e profissional, tanto que ela escolheu a Comunicação como futura profissão, mas deseja dentro deste campo do conhecimento trabalhar com atividades que envolvam os quadrinhos, o cinema e a música. “Cinema, música e quadrinhos sempre foram as três coisas que eu sempre soube que eu teria que trabalhar na minha profissão e a academia tem aberto espaço para essas áreas. Há pessoas que estudam sobre isso”, finalizou. 

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Produção: Letícia Moura
Revisão: Patrícia Santos

Lugar: Cidade Universitária do Bacanga
Texto: Daryanne Caldas Siqueira de Sousa
Última alteração em: 28/01/2015 15:33