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Homenagem à poesia de Augusto dos Anjos é marcada por tripla análise

Publicado em: 17/12/2014

Vês! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de tua última quimera.

Somente a Ingratidão – esta pantera –

Foi tua companheira inseparável!

 

Acostuma-te à lama que te espera!

O Homem, que, nesta terra miserável,

Mora entre feras, sente inevitável

Necessidade de também ser fera.

 

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!

O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.

 

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,

Apedreja essa mão vil que te afaga,

Escarra nessa boca que te beija!

 

(Versos Íntimos - Augusto dos Anjos)

 

SÃO LUÍS - Evento de homenagem à poesia de Augusto dos Anjos foi realizado nesta segunda-feira (15) no ‘Auditório D’ do Centro de Ciências Humanas da Cidade Universitária do Bacanga. A idealizadora do evento e professora do Departamento de Letras, Maura Cristina de Melo Silva, explicou que o nome foi inspirado no soneto Versos Íntimos. “Este evento é uma homenagem, mas me questionei sobre o porquê do nome ‘a ultima quimera’, então voltei-me ao livro Jorge Luís Borgues O livro dos seres imaginários para que eu pudesse saber o que é realmente uma quimera, mas assim como Augusto, este é um conceito que nos foge, pois quanto mais se tenta classificar, menos se consegue. A poesia de Augusto permeia todos os estilos, até porque ele viveu em um período de transição, então ela não deixa de ser uma quimera, não por ser fantasioso, mas por não se enquadrar, tendo seu próprio estilo”, esclareceu a professora.

Maura também contou que Augusto foi muito festejado no centenário de seu único livro ‘Eu’ (que foi muito criticado e rechaçado na época por ser contra os padrões da sociedade sorriso), mas que A Última Quimera: Centenário de Augusto dos Anjos é uma comemoração aos 100 anos de sua morte, de modo a exaltar sua obra. “Queremos mostrar a poesia dele, as obras dele. Trazemos como trilogia para que possamos analisar cada parte dessa quimera que é Augusto. A primeira parte será abordada pelo aluno de Filosofia, Adonay Moreira, e é a comparação do ‘eu’ do Augusto dos Anjos com ‘eu’ do poeta Nauro Machado, que assim como o poeta homenageado, é muito marginalizado socialmente. A segunda parte da quimera, o ‘Eu, anárquico’ será discutida pelo professor do Departamento de Filosofia, Carlos Gouveia de Omena e a última, o ‘Eu alquímico’, será ministrada por mim,” finalizou a professora.

O evento foi iniciado com os agradecimentos da professora Maura e logo em seguida o aluno Adonay seguiu com sua análise. Ele esclareceu que assim como Augusto, Nauro Machado são grandes personalidades que formam países, que não podem passar despercebidos, mas que passaram e estão passando marginalizados socialmente. “Para falar dos dois é necessário conhecimento, para que possamos perceber elos entre os poetas. Para tanto utilizarei três pensadores principais: o dramaturgo William Shakespeare, para analisar as formas de tomada de consciência, que em Augusto não está só na poesia romântica; o filósofo Arthur Schopenhauer, para discutir as questões estilísticas; e o poeta Thomas Stearns Eliot, para questionar as transformações”, frisou o aluno.

Após a explanação de Adonay o professor Carlos debateu sobre como as obras do poeta podem ser consideradas anarquistas, mesmo sem a pessoa de Augusto dos Anjos ser anarquista. “Aqui não temos um anarquismo como no dicionário, mas sim como doutrina que busca a liberdade, onde se nega as amarras da religião e do Estado. Augusto e outros artistas são tidos como malditos porque começam a incomodar a sociedade com suas críticas angustiados e pessimistas. Eu, anárquico também porque a primeira coisa trabalhada pelos anarquistas era o Eu, mas não no sentido egoísta, e sim no sentido de ser único. Ele tratava de temas universais e é esse um ponto crucial que garante a permanência do anarquismo poético em autores até de hoje”, explicou o professor.

Já a professora Maura finalizou o evento explanando sobre o Eu alquímico em transição. Ela também falou que quando se cita Augusto dos Anjos, se pensa logo em morte, um estado presente na alquimia, mas que está em putrefação que é vivenciada ainda em vida. A professora, em seu discurso, também relacionou vários pontos e realidades da vida de Augusto a elementos alquímicos, como o fato do ano de seu nascimento ter dois números oitos, do seu sobrenome ser Carvalho, entre outros.


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Revisão: Patrícia Santos

Lugar: Cidade Universitária do Bacanga
Texto: Aline Acazoubelo
Última alteração em: 18/12/2014 09:59

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