UFMA

IMPERATRIZ – A IV Jornada de Ciências Humanas foi encerrada, ontem (26), com a discussão sobre os movimentos sociais, trazendo para a universidade um debate não apenas teórico, mas prático. O minicurso “Pedagogia da terra e reforma agrária” trouxe representantes do Movimento Sem Terra (MST) do assentamento Califórnia de Açailândia. Já no Café Literário, que surgiu nessa jornada, foram convidados os representantes do “Movimento pela Água”.   

O coordenador do evento, o professor Salvador Tavares de Moura, falou sobre a importância de trazer temas sociais para debater na universidade. “Discutindo a interdisciplinaridade, os minicursos tentam fazer com que o curso de Ciências Humanas dialogue com as demandas sociais que envolvam Imperatriz e região. Então os minicursos nos apontaram no sentido de que nos aproxime dos demais cursos da universidade e também dos setores sociais, especialmente com o MST e a luta pela terra. Esse é um ponto que diferencia essa jornada das anteriores”, afirma.

Para os acadêmicos de Licenciatura em Ciências Humanas|Sociologia (LCH), é uma maneira de compartilhar experiência, de conviver com acadêmicos de outras universidades da cidade e com uma gama de discussões que são próprias do curso, ligadas à antropologia, à sociologia, à história e à filosofia. A ideia de interdisciplinaridade tem haver com a abordagem, a forma de ver a realidade, de treinar o olhar de pesquisador que o estudante vai adquirindo e de erceber na sociedade potenciais pesquisas. “Os minicursos dessa jornada têm esse objetivo de fazer com que o estudante perceba a realidade de uma maneira interdisciplinar, que não é meramente uma discussão teórica e abstrata, mas que tem um vínculo direto com a prática acadêmica”, conclui Salvador.

A realização, pela primeira vez, do Café Literário se tornou um espaço importante de debates e terá continuidade nas próximas edições da Jornada de LCH. O tema escolhido para encerrar o evento deste ano foi a discussão da privatização do sistema de água e esgoto de Imperatriz, trazendo o professor de História da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Renan Chaves. De acordo com ele, o espaço da academia propicia as discussões. "As pessoas puderam entender as ideias do 'Movimento pela Água' e que o debate aconteça”, disse. Na ocasião, foram apresentados vídeos de experiências da luta pelo mundo contra a privatização do sistema de água e esgoto.

O representante da comissão de comunicação do “Movimento pela água” e também estudante de Jornalismo da UFMA, José Carlos Almeida, fala que é muito importante trazer assuntos sociais para a academia, pois, geralmente, os movimentos sociais são compostos por pessoas da sociedade civil. Ele falou que seria essencial que universitários, professores e servidores públicos pudessem ter uma participação maior nos diálogos. “A universidade também tem que se preocupar com o que acontece lá fora”, frisou.

Saiba mais

O “Movimento pela água”, surgido recentemente, reúne várias entidades. É organizado em luta a um Projeto de Lei da Prefeitura de Imperatriz (PL 11/2014) que se ocupa de privatizar o serviço de água e esgoto da cidade. Esse movimento é contra a privatização do setor, que considera uma perda de soberania da população, a privatização de algo que é considerado pela Constituição e pelas Nações Unidas um direito, ao transformar a água em mercadoria. A maior preocupação do movimento é que aconteça a elevação das tarifas, afetando as populações mais carentes da cidade.

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Produção: André Neto e Catherine Moura
Revisão: Charles Mendes

Lugar: Campus Imperatriz
Texto: André Neto
Última alteração em: 27/11/2014 18:53